O Distrito de Igarapé do Lago distante 85 km da capital Macapá, que pertence ao município de Santana, celebrou no último final de semana os 155 anos de festividades de Nossa Senhora da Piedade, a comunidade surgiu com a libertação dos escravos, em 1888. Anteriormente, na região, existia o sítio de Joana Barreto, poderosa posseira e detentora de escravos. Com a abolição da escravatura, os libertos se mantiveram na região e construíram suas casas em frente ao sítio, na parte elevada. Para sua sobrevivência, os ex-escravos organizaram suas roças de mandioca, milhos e café, juntamente com a criação de gado, além da caça e da pesca.
Uma tradição repleta de fervor religioso conservador, com batuque, marabaixo e preservado por famílias locais oriundas de ancestrais fundadores e moradores locais , um ritmo contagiante que se tornou o elo que une gerações há 155 anos.
Apesar da alegria em manter a tradição e celebrar 155 anos, familias tradicionais reclamam da falta de memorial e nomes de líderes comunitários e de famílias que já não estão entre os moradores, precisavam ser decoradas e guardadas porém muitos nem são mencionados, nem tem suas famílias englobadas no contexto da programação, as matrizes tradicionais da festa fazem observações sobre vários aspectos que as envolvem, suas tradições, apropriações e deturpações como por exemplo a política ou melhor dizendo os políticos que de certa forma recebem melhor trato do que membros de famílias tradicionais que há anos contribuiiram para o crescimento da festa, os políticos usam o evento lindo e tradicional como vitrine para seus nomes e suas marcas, e contam com a contribuição de muitos para tal feito.
A festa foi construída ao longo de muitas décadas, com determinados elementos culturais familiares e religiosos . Ela foi construída também com sentidos comunitários de fortalecimento de laços culturais tradicionais e familiares, não para promoção individual ou política e com sentido, também, de diversão. Quer dizer, o caráter do entretenimento, esse aspecto também é presente, esquecer em mencionar foliões, dançarinas e matriarcas da comunidade que morreram é uma tentativa chué e sórdida de apagar a história e o misticismo de um povo.
Que nos próximos anos a união prevaleça pelo bem da tradição, e que o povo , a comunidade e as famílias tradicionais sejam lembradas, e os políticos bem recebidos , os ancestrais que já se foram , façam parte da festa, da história e tenham um lugar não somente no coração dos familiares, mais sim na programação religiosa e ordeira que sempre foi as festas do Igarapé do Lago, recordar também é viver , hoje estão vivos e amanhã? Será que serão lembrados ? Então lembre-se, alguém ajudou a construir essa história.