Luanderson Alves, o “Caçula” é alvo da operação da PF que apura coerção, compra de voto e tráfico de drogas.
Numa reviravolta, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AP) restabeleceu nesta sexta-feira, 4, o mandado de prisão contra Luanderson Alves, o “Caçula”, candidato a vereador ligado ao prefeito Furlan. Ele teve a prisão decretada no dia 13 de setembro, a pedido da Polícia Federal, que investiga o financiamento de facções criminosas na campanha, mas havia sido revogada em função do período eleitoral.
Em um novo julgamento de recurso interposto pela procuradora eleitoral, Sarah Cavalcanti de Brito, o TRE chegou à conclusão de que a prisão preventiva não feria a imunidade eleitoral, visto que foi emitida 15 dias antes do período.
A manutenção pela prisão de “Caçula” é com base em constatações de compra de votos e coação eleitoral, além dos crimes de tráfico de entorpecentes, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O candidato de Furlan é investigado por atender a interesses da facção criminosa conhecida como “Família Terror do Amapá (FTA)” e ter a campanha “patrocinada” pelo grupo.
Na decisão, o TRE-AP entendeu que a liberdade do candidato interferiria, de forma decisiva, sobre o livre exercício do direito ao voto dos moradores do residencial Macapaba, na Zona Norte de Macapá. Com a decisão, o candidato foragido continua com o mandado de prisão decretado.
De acordo com a PF, “Caçula” tem forte ligação com o grupo político de Furlan com base nos seguintes fatos apurados na investigação:
▪️Buscou apoio de Jesaias Silva e Silva, o “Jeiza”, então subsecretário municipal de Zeladoria Urbana da Prefeitura de Macapá, sendo o líder do prefeito Furlan no Conjunto Macapaba. Exonerado do cargo e abandonado pelos aliados, Jesaias segue preso;
▪️Alugou um imóvel para a Prefeitura de Macapá para expansão da Creche Eliana Azevedo pelo valor de R$ 5.000,00 mensais;
▪️Tem facilidade de acesso ao Poder Executivo Municipal e influência à permanência de simpatizantes da facção no poder público municipal, bem como a exclusão de opositores.
▪️Tem atuado junto com “Jeiza” e outras lideranças da FTA para ameaçar moradores do Macapaba a votarem nele.
▪️Coagir moradores com frases: “quem não votar no Caçula vai ter seu apartamento tomado”, “nenhum outro candidato tem autorização da final para pedir voto aqui”, “quem tiver fazendo campanha para outro vereador vai ser disciplinado”.
Facção criminosa na política municipal
O candidato a vereador, Luanderson Alves, e o subsecretário de Furlan, Jesaias Silva e Silva, foram alvo da operação Herodes, deflagrada no dia 20 de setembro. De acordo com a PF, eles estariam coagindo eleitores, especialmente moradores do conjunto Macapaba, na Zona Norte de Macapá, a votarem no candidato apoiado por eles, e no próprio “Caçula”.
A estratégia das facções criminosas, que são ligadas ao tráfico de drogas, é buscar influência política desses grupos sobre as administrações locais, para obter vantagens. A mesma prática também ocorre em outras capitais, a exemplo de São Paulo, onde candidatos à Prefeitura trocam acusações de que seus oponentes teriam ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Luanderson Alves, agora foragido novamente, chegou a fazer vídeo pedinto votos, mas sem mencionar o prefeito Furlan, seu líder político. No mesmo dia da operação, à noite, Jesaias Silva foi preso em sítio na zona rural. Candidato à reeleição, o prefeito Furlan não se manifestou sobre o envolvimento de um dos líderes da sua campanha no Macapaba.