O medo de ser confrontado e questionado sobre as operações da Polícia Federal, deflagradas no mês de setembro, em Macapá, para investigar corrupção, pagamento de propina e envolvimento com facção criminosa de membros do primeiro escalão da gestão municipal, podem ter sido os principais motivos para afugentar o prefeito Furlan dos debates com candidatos na rádio e televisão, nos últimos dias na capital.
O desrespeito aos eleitores praticado pelo candidato à reeleição aconteceu primeiro no debate promovido pelo Rádio Diário FM e dias depois, nesta quinta-feira, 3, no debate da Rede Amazônica (TV Globo). Em ambos, Furlan confirmou a participação, mas desistiu minutos antes do início dos encontros com seus adversários.
Propina e corrupção
No dia 19 de setembro, Furlan teve a casa e o gabinete na Prefeitura de Macapá como alvos de busca e apreensão da Polícia Federal durante a Operação Plattea, que investiga casos de corrupção e pagamentos de propina de 5% a 20% do valor de mais de R$ 10 milhões, por parte da empresa que assumiu as obras da Praça Jacy Barata Jucá, entregue este ano, para agentes políticos e servidores públicos da gestão municipal.
Um dos principais envolvidos no esquema seria o secretário de Obras de Macapá, Cássio Cruz, que teve a acusação ratificada por um empresário durante audiência por videoconferência, na Justiça Federal. Mais de R$ 500 mil em recursos públicos teriam sido distribuídos indevidamente. Durante a ação, também foram cumpridos mandados na Secretaria de Obras de Macapá e em escritórios e residências nos bairros Cabralzinho, Central, Laguinho e Jardim Marco Zero, em Macapá.
Conluio com facção criminosa
Um dia após a Operação Plattea, a Polícia Federal deflagrou a pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE) e da Justiça, a Operação Herodes, para cumprimento de 17 mandados de busca e apreensão e seis de prisão, contra a atuação de uma facção criminosa na eleição de Macapá. Os principais alvos são membros da gestão de Furlan e linha de frente da campanha à reeleição do atual prefeito.
Durante a ação, Jesaias Silva da Silva, “Jesa”, então subsecretário de Zeladoria Urbana da capital foi preso e o candidato “Caçula”, Luanderson de Oliveira Alves, que inicialmente ficou foragido, foi beneficiado pelo período eleitoral para não ser capturado e ficar em liberdade.
Segundo as investigações, os dois envolvidos estariam agindo junto com a facção criminosa, conhecida pela prática de crimes como tráfico de drogas e homicídios, no financiamento de campanhas, coação e ameaça de eleitores para eleger os seus escolhidos no pleito de Macapá. Os atos estariam sendo praticados principalmente no Conjunto Habitacional Macapaba, na Zona Norte da capital, que recentemente ganhou reforço das forças de segurança do Estado, após “pedido de socorro” dos moradores.