“Aqui não conseguimos nem ajudar quem a gente acredita ser melhor pra Macapá, porque temos medo”, diz morador do Macapaba sobre coerção de facção criminosa em favor de candidato do prefeito Furlan

Polícia Federal investiga o então subsecretário do prefeito Furlan e um candidato à vereador por compra de voto, coação e ligação com tráfico de drogas.

Saindo do conjunto Macapaba, para trabalhar na sexta-feira, 4, um vendedor ambulante – que preferiu não se identificar por medo da violência – contou como está sendo difícil apoiar o candidato escolhido por ele nas eleições para a Prefeitura de Macapá, após a forte influência de uma facção criminosa no habitacional, que vem coagindo os eleitores a votarem em outro candidato.

“Aqui a gente não consegue nem ajudar quem a gente acredita ser melhor pra Macapá, porque temos medo dos criminosos. Muitas famílias, trabalhadores estão sendo obrigados a falar que vão votar no candidato X, mas a gente não quer. Só veio aqui no Macapaba agora na campanha, mas esquece que o voto é secreto”, disse o trabalhador, revoltado.

Dona Maria, nome fictício para preservar a identidade da moradora, conta que a campanha eleitoral dentro do Macapaba está tão tensa que prefere nem falar mais de política, pois acredita que pode ficar marcada pela facção, que segue pedindo voto para o candidato apoiado pelos criminosos. Ela garante que o voto é na urna.

“A gente nem diz mais o candidato que prefere. Aqui é melhor a lei do silêncio. O pessoal tem se enganado muito com alguns candidatos, que chegam aqui, falam bonito, dizem que são do povo, se colocam até como super heróis, que fazem tudo, trabalham de domingo a domingo, mas na hora de fazer alguma coisa por nós, somem”, contou Maria.

No dia 20 de setembro, a Polícia Federal e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Amapá (FICCO/AP) deflagaram a operação Herodes, que investiga um esquema envolvendo tráfico de drogas e campanha eleitoral.

Na ocasião, foi preso o então subsecretário de Zeladoria do prefeito Furlan, Jesaias Silva e Silva, o “Jeiza”, líder da atual gestão da prefeitura de Macapá no Macapaba e um dos organizadores da campanha do candidato à reeleição no habitacional. O gestor foi exonerado da administração municipal.

Outro investigado é Luanderson Alves, o “Caçula”, candidato à vereador e integrantes de prestígio e da linha de frente da gestão e campanha à reeleição do prefeito Furlan em Macapá. Ele segue pedindo votos em vídeo que circula nas redes sociais.

Jesaias e Luanderson estariam ligados à facção criminosa que atua na zona norte de Macapá, tendo as campanhas financiadas por eles. “Jeiza” atuava na captação de votos para os candidatos à vereador e prefeito apoiado por ele, enquanto “Caçula”, é apontado como um dos organizadores de uma fuga de faccionados do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), quando o suspeito teria forjado um laudo médico falso para que seu comparsa pudesse fazer um tratamento domiciliar, objetivando se evadir do sistema prisional.

Luanderson Alves chegou a ter a ordem de prisão preventiva revogada, mas na sexta-feira, a Justiça Eleitoral manteve o pedido. Ele segue foragido.

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