Prefeito de Macapá é acusado de ocultar dados, sonegar repasses e provocar rombo milionário na Macapá-Prev, aponta Ação Civil Pública

Uma Ação Civil Pública ajuizada esta semana pelo Sindicato dos Servidores da Educação (Sinsepeap) revela um dos mais graves escândalos de gestão da previdência municipal da história de Macapá. O documento afirma que o prefeito Antônio Furlan e a diretora-presidente da Macapá-Prev, Janayna Ramos, teriam praticado ilegalidades em série, que vão desde a sonegação deliberada de informações até a dilapidação de mais de R$ 130 milhões do patrimônio previdenciário dos servidores.

Intransparência sistemática e ocultação de dados públicos
Segundo a ação, a Prefeitura de Macapá e a Macapá-Prev vêm descumprindo sistematicamente a legislação de transparência, omitindo informações obrigatórias sobre a arrecadação e os repasses previdenciários.

O documento afirma que não há, no Portal da Transparência, qualquer comprovação dos repasses das contribuições patronais nem das contribuições dos servidores, retidas diretamente na folha. A omissão viola frontalmente o artigo 48-A da Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei 12.537/2011

O Ministério da Previdência e o Tribunal de Contas do Amapá já haviam notificado a ausência de informações, indicando que até esses órgãos foram impedidos de fiscalizar a situação. A ação classifica o cenário como uma “escuridão informativa” criada pela gestão municipal para impedir o controle social e institucional

Sonegação de repasses e rombo milionário
A denúncia aponta que a Prefeitura deixou de repassar tanto a parte patronal quanto a parte descontada do salário dos servidores — valores que, por lei, deveriam ter sido transferidos integralmente à Macapá-Prev. Uma auditoria da Receita Federal constatou um déficit de R$ 84,2 milhões a serem regularizados em favor do regime previdenciário municipal

Mas o quadro é ainda mais grave
Em junho de 2023, a Macapá-Prev possuía R$ 176,8 milhões em ativos financeiros. Dois anos depois, em julho de 2025, o saldo caiu drasticamente para apenas R$ 39,4 milhões, uma redução de mais de R$ 137 milhões, sem justificativa plausível apresentada pelos gestores.

O sindicato afirma que o desfalque representa prejuízo direto ao futuro dos servidores municipais, comprometendo pagamentos de aposentadorias e pensões.

Cumplicidade e negligência da direção da Macapá-Prev
A Ação Civil Pública afirma que a segunda ré, a diretora-presidente da Macapá-Prev, foi conivente com a situação ao deixar de fiscalizar, registrar e cobrar os repasses obrigatórios.

A omissão é tratada como ato de “cumplicidade omissiva”, que permitiu que o suposto rombo financeiro avançasse sem obstáculos durante mais de dois anos .
Descumprimento de pedidos formais de informação
O sindicato relata que enviou diversos pedidos oficiais para que a Prefeitura e a Macapá-Prev apresentassem os dados básicos de arrecadação e os comprovantes de depósito. Após 13 dias, nenhuma das informações foi entregue, reforçando a suspeita de que a retenção era deliberada.

Mesmo após a fiscalização federal ter identificado inconsistências e falta de repasses, os gestores continuaram sem publicar dados e sem prestar contas.

Ministério da Previdência confirma irregularidades
A ação afirma que a auditoria do Ministério da Previdência flagrou irregularidades graves, incluindo diferenças milionárias, ausência de documentos e inconsistências nos registros contábeis e financeiros da autarquia previdenciária municipal .

Tribunal de Contas também reagiu
Antes mesmo da ação civil, o Tribunal de Contas do Amapá já havia determinado a notificação da direção da Macapá-Prev para prestar esclarecimentos, diante da falta de respostas a expedientes oficiais e suspeitas de irregularidades financeiras.
O TCE chegou a afastar o presidente anterior da autarquia devido ao agravamento das falhas e à recusa em fornecer documentos requisitados pelo órgão fiscalizador .

Ação pede medidas urgentes contra o prefeito
Diante do cenário de colapso financeiro e ocultação de informações, o Sinsepeap pede ao Judiciário que obrigue o prefeito Antônio Furlan a apresentar, em cinco dias:
• a relação completa de todos os servidores contribuintes e os comprovantes de repasse desde 2021;
• a quitação da contribuição patronal mês a mês;
• todos os documentos de transparência previdenciária exigidos pela União .

O sindicato afirma que a situação ameaça a estabilidade fiscal da previdência municipal e coloca em risco direitos acumulados de milhares de trabalhadores.

A Ação Civil Pública expõe um conjunto robusto de indícios de ilegalidades graves praticadas pela gestão municipal, especialmente no que diz respeito à transparência, ao cumprimento das obrigações previdenciárias e à preservação do patrimônio dos servidores.

Se confirmadas, as irregularidades podem configurar:
• violação ao princípio da moralidade administrativa,
• dano ao patrimônio público,
• responsabilidade civil e administrativa dos gestores,
• possíveis atos de improbidade.

Enquanto o processo tramita, cresce a preocupação sobre o futuro dos recursos da previdência municipal — e sobre os impactos financeiros e sociais que uma eventual insolvência do sistema poderia causar em Macapá.

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